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Faltou gestão e o primo rico virou primo pobre

A imagem de primo rico que o Semae sempre representou na cidade foi se exaurindo com a falta de gestão na última década. 2021 foi um ano de estruturantes mudanças, mas ainda vai precisar de um bom tempo para recuperar sua saúde financeira. Tivemos que emprestar dos cofres públicos cerca de R$ 22 milhões, em 2021, para fecharmos nossas contas e já adiantamos um novo empréstimo de outros R$ 16 milhões para este ano, para podermos honrar os compromissos com o funcionalismo, os credores, fornecedores, e por último, mas não menos importante: captar, tratar e distribuir água para os munícipes. Trata-se de um novo enfrentamento da realidade, com seus problemas e instabilidades.

Tivemos que aplicar inúmeras multas na cidade por consumo ilegal de água, os famosos “gatos” feitos por gente simples da periferia e até por pessoas que moram em condomínios de luxo na cidade. Abusos de ambos os lados da pirâmide social. Mais do que um crime, furtar água, em especial, sem cobranças ou consequências, não será mais aceito na nossa gestão. Quem consumir terá que pagar.

Tivemos - e ainda temos - a perda de milhares de litros de água tratada em vazamentos, tubulações com vida útil ultrapassada, obras mal realizadas ou conduzidas, que fazem ir para os ralos montantes que deveriam ter outro destino de investimento. A atual gestão é acusada pela falta de investimentos em infraestrutura das outras gestões, que deixaram diversos problemas, os quais estamos trabalhando para resolver, porém, algo que leva tempo, requer muito dinheiro e planejamento.

            Convivemos, em 2021, com um dos anos de  maior estiagem em Piracicaba, que nos legou um leito dos mananciais Piracicaba e Corumbataí com baixa vazão e pedras aparentes, promovendo insegurança e preocupação para abastecer a cidade.

            Para manter a distribuição e a qualidade da água, temos trabalhado arduamente, mesmo com falta de recurso, para que não falte água nas torneiras, além da coleta e tratamento de esgoto, realizado por meio da PPP (Parceria Público-Privada), que atua em Piracicaba desde 2012. Tentamos sempre nos manter alinhados no intuito de promover uma excelência das prestações dos serviços.

            Além das limitações citadas, em 2021 ainda enfrentamos constantes furtos de cabos e equipamentos das nossas unidades, ações que acarretaram não só prejuízos financeiros, com a reposição rápida de materiais, como também o transtorno pela falta de abastecimento, prejudicando também os usuários que não possuem reservação (caixa d’água) nos bairros atingidos pela ação.

            Mas, para além destas dificuldades, temos algum alento, com a perspectiva de construção de uma grande reserva de água nos próximos anos no rio Corumbataí, fruto de parceria entre o Governo do Estado, a Prefeitura de Piracicaba, por meio do Semae, e o amparo técnico do PCJ. Estamos trabalhando para a construção da barragem, que tem como orçamento preliminar em torno de R$ 50 milhões e deve estar concluída em três anos, a partir dos quais a cidade e outras cidades da nossa região sentirão com menor gravidade os períodos de estiagem.

            Há também novos investimentos previstos para os seguintes setores da nossa autarquia, que deverão ser desenvolvidos neste ano, como a implantação de quilômetros de redes adutoras e a reforma do reservatório Marechal, parceria realiza com contrapartida das construtoras da cidade.

            Enfim, temos trabalhado com afinco e pretendemos dar continuidade aos enfrentamentos necessários para que consigamos conquistar o respeito dos nossos cidadãos e retomarmos uma fase de prestação melhor de serviços aos munícipes. Peço, por fim, de forma humilde aos moradores da nossa cidade, que continuem nos auxiliando com críticas, sugestões e, em especial, apontando os responsáveis por atos ilícitos contra a nossa autarquia, uma verdadeira afronta ao honrado e trabalhador povo de Piracicaba.

Maurício Marques de Oliveira é presidente do Semae

19/01/22 16h04 - DEBORA TEIXEIRA OLIVEIRA